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Serrana (SP) é escolhida pelo Butantan e é a primeira e única cidade no mundo a ter vacinação em massa contra Covid-19

Serrana, no interior de estado de São Paulo, inicia a vacinação em massa contra a Covid-19 na população a partir desta quarta-feira (17).

Todo o processo de imunização no município, que será realizado com a Coronavac do Butantan, deve durar aproximadamente dois meses.

Conhecido como “Projeto S”,  a vacinação em massa em Serrana faz parte de um estudo inédito no mundo para entender como a imunização impacta na redução dos casos do novo coronavírus.

Doses da vacina serão aplicadas em mais de 30 mil pessoas acima de 18 anos.

Menores de 18 anos, mulheres grávidas ou amamentando e quem teve febre nas 72 horas anteriores ao dia da imunização não serão imunizados.

O estudo também servirá para verificar a eficiência da Coronavac na proteção contra o coronavírus.

Fachada da Escola Edesio M. de Oliveira, no município de SerranaFachada da Escola Edesio M. de Oliveira, no município de Serrana, uma das escolas escolhidas para vacinação em massa

Todos os estudos clínicos de fase 3 que foram apresentados até o momento, por todas as vacinas, foram estudos com o objetivo de avaliar a eficácia.

Ou seja, o nível de proteção que a doença tem em relação a doença. A eficiência da vacinação, de uma forma bem simples, é determinar qual o efeito da vacinação em massa sobre a evolução da epidemia.

Segundo disse o diretor do Butantan, Dimas Covas, em coletiva de imprensa do último dia 8, o objetivo é saber qual é o efeito da vacinação em massa sobre o curso da epidemia.

O “Projeto S” será realizado utilizando a vacina da Coronavac em cerca de 30 mil adultos da cidade de Serrana – que possui cerca de 45 mil – e deverá começar em 17 de fevereiro. O estudo foi desenvolvido pelo Instituto Butantan e é realizado em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde de SP e com a Prefeitura da cidade, após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto e avaliado pela Anvisa.

O cadastro para participar do estudo é realizado de quarta a sexta, entre 14h e 20h30 e aos finais de semana entre 8h e 15h30, em escolas direcionadas pela Prefeitura. Já quem fez o cadastro, pode se informar sobre o local e período de vacinação de segunda à sexta, entre 08h e 11h e entre 13h e 16h, nos postos de saúde, na Prefeitura, no serviço social e nas escolas infantis.

A Prefeitura de Serrana explicou que a cidade foi dividida em 25 áreas e a vacina será ofertada a todos os adultos destas áreas de forma sequencial e em quatro etapas, com o objetivo de mapear a quantidade e a situação das pessoas que foram infectadas pela Covid-19 – antes e depois da vacinação. “Espera-se que, dessa forma, a vacina reduza os casos entre todos os moradores das áreas que participam do estudo.”

 

Eduardo Borges, diretor do Hospital Estadual de Serrana, colocou que “o estudo exige rigor científico. Serrana vai virar um polo e ganhará projeção no mundo inteiro” com a iniciativa. Segundo Dimas Covas, é o primeiro estudo dessa natureza sendo realizado no mundo inteiro.

Atualmente, Serrana concentra 2.365 casos de coronavírus e 52 mortes. No Plano SP, a cidade está em uma região da fase laranja, Ribeirão Preto, com o comércio, restaurantes e outros setores funcionando com medidas mais restritivas.

Vacinação em massa aumenta a busca por imóveis na cidade de serrana

Os moradores de Serrana, no interior de São Paulo, começam a ser vacinados contra a Covid-19 a partir da próxima quarta-feira (17). A vacinação em massa é um projeto do Instituto Butantan para testar a redução do contágio pelo novo coronavírus em uma população.

Após o anúncio, as imobiliárias ficaram abarrotadas de pedidos de aluguel de imóveis para a temporada. A maioria das pessoas busca contratos de um ou dois meses.

Diante da situação inusitada, empresas decidiram se informar na Secretaria Municipal de Saúde sobre como proceder e, agora, além de deixar claro que contratos são de, no mínimo um ano, eles explicam aos interessados que o projeto do instituto já mapeou os moradores da cidade e que haverá o cruzamento de dados para a vacinação. Ou seja, não adianta se mudar para lá só por causa disso.

O Butantan informou à CNN que já tem boa parte dos cadastros das pessoas por meio de um censo de saúde. Menores de 18 anos, mulheres grávidas ou amamentando e quem teve febre nas 72 horas anteriores ao dia da imunização não serão vacinados.

Em entrevista à CNN, Leonardo Capitelli, prefeito de Serrana, avaliou que a situação é “bastante inusitada” e afirmou que toda a cidade está com uma perspectiva muito boa com relação a este projeto de pesquisa. De acordo com Capitelli, em oito semanas, cerca de 30 mil pessoas acima de 18 anos serão vacinadas.

 

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Por que o fim da corrupção no Brasil começa no seu trabalho?

Cansado de ouvir falar em esquemas, desvios e subornos? Acredite: você tem o poder de disseminar a ética no país, a começar pelo seu ambiente de trabalho

São Paulo — Assombrado quase diariamente por escândalos de corrupção envolvendo empresas e governos, o brasileiro corre o risco (compreensível) de acreditar que o desrespeito generalizado à lei é um problema insolúvel. Não é.
E tem mais: cada indivíduo pode contribuir para disseminar práticas éticas no país, a começar pelo seu próprio ambiente de trabalho, diz Mercedes Stinco, diretora de auditoria da Natura e coordenadora da Comissão de Gerenciamento de Riscos do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa).

É claro que, para que a semente da corrupção não germine e dê frutos, a empresa precisa fazer a sua parte. Daí a necessidade de políticas definidas e executadas pelo departamento de compliance — que, não à toa, virou uma das carreiras mais quentes do momento no Brasil.

No entanto, explica Stinco, o movimento não deve vir apenas de cima para baixo, mas também de baixo para cima. Devidamente amparadas por medidas institucionais, as pessoas que compõem uma organização também podem (e devem) colaborar.

“Uma andorinha só não faz verão, ou seja, um funcionário sozinho não vai conseguir resolver os problemas éticos de uma empresa sem ter por trás uma estrutura”, diz ela. Mesmo assim, cada um pode sim afetar o sistema com pequenas atitudes.

Afinal, a corrupção não existe sem pessoas, sejam elas corruptas ou corruptoras. Com um detalhe fundamental, que proíbe falsos moralismos: não se trata de um comportamento isolado de alguns “vilões”, mas sim de um traço da cultura brasileira, afirma João Marques Fonseca, presidente da consultoria em mobilidade global EMDOC.

“Vejo muitos profissionais brasileiros destruírem suas carreiras internacionais justamente por essa questão cultural, pelo hábito de tirar vantagem nas pequenas coisas”, diz ele. “O que é prática comum aqui não é aceito lá fora”. Ele diz que não é incomum encontrar executivos nascidos aqui envolvidos em problemas jurídicos no exterior por “pura estupidez”.

Mentalidade, cultura, visão de mundo — a única maneira de você alterar isso “sozinho” é incorporar atitudes éticas no cotidiano, de forma reiterada e insistente, para que se transformem em exemplo para os demais.

“O chefe, em particular, precisa ser um modelo para seus liderados”, diz Fonseca. Isso porque a postura moral do líder costuma ser espelhada pela equipe: se ele for correto, essa atitude tende a se multiplicar; assim como o seu exato oposto.

Além de dar o exemplo, o gestor precisa cobrar diretamente comportamentos éticos dos seus funcionários. Não se trata de vigilância ou patrulha, explica o presidente da EMDOC, mas da criação de um ciclo virtuoso de integridade.

Quando um liderado cometer um desvio dessa natureza, a punição precisa ser imediata. A reação do chefe à corrupção de um liderado costuma ditar se ela continuará sendo praticada no futuro por ele próprio e também pelos demais.

Pequenas ações, grandes resultados

E se você não for chefe? Stinco garante que ações de impacto podem partir de profissionais de qualquer nível hierárquico.

Do estagiário ao CEO, todo mundo pode abandonar uma empresa que não respeita a lei, por exemplo. É a resposta mais radical à corrupção no meio corporativo — bem mais difícil de implementar em tempos de crise e desemprego —mas, ainda assim, possível.

Vale pensar em empresas como a Odebrecht, por exemplo. Elas quase não escapam à associação com os escândalos de corrupção que marcaram sua história recente. Essa “aura” acaba se estendendo aos funcionários que passaram por lá, diz Fonseca, mesmo àqueles que não têm nada a ver com os crimes que levaram seu ex-presidente para a cadeia.

“Se você consegue perceber a tempo que existem coisas estranhas acontecendo na sua empresa, saia o quanto antes, se for possível”, recomenda ele. “Às vezes é melhor partir para um emprego com salário mais baixo do que correr o risco de manchar a sua reputação profissional por ter uma empresa com nome estigmatizado no currículo”.

O seu empregador respeita as leis? “Se a resposta for negativa e você não pode ou não quer buscar um novo emprego, busque evidências concretas e faça algo para mudar o que está errado”, recomenda Stinco.

Mais uma vez, é preciso que a empresa compareça com a parte que lhe cabe: a existência de canais de denúncia anônima é indispensável para que um funcionário possa chamar a atenção para ilegalidades de forma segura e eficiente.

Stinco também diz que o funcionário pode exigir mais treinamentos e materiais sobre combate à corrupção na empresa. Se esses recursos não existirem ou forem insuficientes, também é importante se engajar diretamente na sua elaboração. “Os melhores manuais de conduta sempre são aqueles formulados por várias mãos”, explica a coordenadora do IBGC.

O crime não compensa – nem o mais “inocente” deles

Muita gente esquece que os malfeitos não ocorrem apenas nos contratos com governos e agentes públicos, como o brasileiro se acostumou a ver nos noticiários. A corrupção está presente em toda forma de desrespeito à legislação, seja ela ambiental, trabalhista, tributária ou de qualquer outra natureza.

Essa constatação abre caminho para uma conclusão importante, diz o presidente da EMDOC: profissionais de qualquer área ou cargo estão todos os dias diante de uma escolha moral.

Um operador da área de compras, por exemplo, está contribuindo para a ética no país quando não aceita uma fatura maquiada feita por um fornecedor.

Um analista de RH está agindo de forma cidadã quando não faz vistas grossas a um atestado médico falso entregue por um funcionário. Analista de Recursos Humanos: Aprenda mais sobre a profissão com a Xerpa Patrocinado

Um gerente está ajudando a combater a impunidade quando denuncia não apenas o assédio moral que praticam contra ele, mas também contra o estagiário.

Qualquer profissional está construindo um país mais sério quando não bate o ponto e sai para dar uma volta.

“Cada um de nós precisa se perguntar: essa ‘vantagenzinha’ realmente vale a pena? Será que esses pequenos crimes vão mesmo melhorar a minha vida? Se você parar para pensar, vai perceber que não”, diz Fonseca. Ser sincero e assumir responsabilidades é muito mais saudável para a sua carreira, para o seu empregador e para o país.

Fonte: Exame – https://goo.gl/evFVtr